sexta-feira, dezembro 29, 2006
terça-feira, dezembro 26, 2006
Ainda a propósito de Natal
"Quando celebra, o Homem faz memória. Memória de momentos felizes, de conquistas, de sonhos realizados. E celebra com o mesmo brilho as festas que são só suas e aquelas que são de todos."
terça-feira, dezembro 19, 2006
domingo, dezembro 10, 2006
Entre bonecos de neve :o)
(aquilo é a cara de um boneco de neve, ok?)
Corria o ano de 1967 e a pequena aldeia escondida no meio dos montes preparava-se para comemorar o Natal. O forno comunitário era o ponto de encontro das mulheres e onde se preparavam as mais diversas iguarias natalícias sempre acompanhadas de grandes nacos de conversa onde os temas variavam entre, a filosofia de trazer por casa e as notícias dos entes queridos. Por outro lado, os homens prosseguiam a sua azáfama na recolha de enormes troncos que depositavam no adro da igreja e se destinavam à grande fogueira de Natal. Aos miúdos era-lhes interdita a entrada nos ambientes dos adultos não lhes restando outra alternativa a não ser, ficarem entretidos a enrolar a neve em pequenas bolas que faziam rolar pela praça tornando-as gigantescas, comparadas com o seu petiz tamanho. Depois, encavalitando-se uns nos outros punham uma bola sobre a outra fazendo nascer assim os bonecos de neve que, enfeitavam com qualquer adereço que encontrassem ali, à mão de semear. A praça enchia-se, então, de enormes seres brancos que sorriam ao ver a alegria catraia que os rodeava. Mas o grande momento por que todos ansiavam estava para chegar, como acontecia todos os anos na véspera de Natal e já se sentia, no ar gélido de Dezembro, a expectativa que antecede os grandes acontecimentos que só as crianças realmente saboreiam.
A sra Etelvina era uma velhota pequenina e curvada pelo peso dos anos e pela fadiga de tantos caminhos percorridos na sua lida. Ninguém como ela conhecia aqueles montes e vales que separam, delicadamente, Portugal e Espanha. Delicadamente, é como quem diz, porque a fronteira era guardada, com unhas e dentes, por autênticos bulldogs que, se pudessem e os apanhassem, não deixavam de massacrar aqueles que se atreviam a fazer do pequeno contrabando o seu modo de vida. A Ti Vina, como os miúdos gostavam de lhe chamar, era uma destemida contrabandista de produtos de primeira necessidade e que vinha à aldeia para vender aquilo de que os aldeões careciam, a preços mais condizentes com os seus parcos rendimentos. Então perguntam-me vocês a causa de tanto alvoroço neste dia! Pois!…é que neste dia, todos os santos anos, a Ti Vina vinha à aldeia com mais tempo e depois de ter vendido tudo o que trazia literalmente às costas, dirigia-se para a praça, junto ao fontanário, onde as crianças já tinham ocupado o seu lugar à sua espera. Ela aparecia no meio delas, toda vestida de negro e com um xaile que lhe cobria grande parte do rosto encarquilhado e trigueiro que uns olhos de azeviche iluminavam. Olhava cada um deles atentamente e depois de se certificar que todos se tinham portado bem naquele ano, abria uma grande caixa de galhetas espanholas. Dezenas de pequenos braços estendiam-se até à caixa mas sem se atropelarem, pois sabiam que a Ti Vina arranjava sempre maneira de as galhetas chegarem para todos. Depois, seguia-se o momento mágico no meio de grandes e pequenas trincadelas nervosas nas bolachas…os contos…pois, os contos que a velha contrabandista lhes contava e que eram o melhor presente de Natal. Não eram contos de príncipes e princesas, eram histórias verdadeiras, contadas na primeira pessoa, autênticas aventuras que os faziam saltar os muros esdrúxulos que prendiam as suas almas. Ao anoitecer a Ti Vina fazia questão de se retirar de forma discreta e no meio da azáfama vespertina só os miúdos a viam desaparecer na última curva como ponto final que põe fim a um parágrafo.
A sra Etelvina nunca mais apareceu nas redondezas. Conta a lenda que naquela mesma noite um anjo, vestido de um branco tão alvo quanto a neve, a salvou de uma emboscada de salteadores e a levou para um reino longínquo, onde ocupa o digníssimo e alto cargo de “Contadora de histórias” para miúdos, graúdos e todos aqueles que gostam de ouvir contos.
Clique em cada link para ler os contos de todos os participantes nesta 5ª edição dos desafio de criação do Canto de Contos cujo mote é "Um conto de Natal"
Membros do Canto de Contos
Bill, Clarissa, Conteúdo Latente, Ipslon, Isa, Maite, Parrot, Pedro Pinto, PiresF, Raquel, Rui Semblano, Vanessa,
Convidados
Beatriz, Kaotica, Klatuu, Legível, Luís Teixeira, Rafaela, Ruy Soares, TB, Teresa Durães
Corria o ano de 1967 e a pequena aldeia escondida no meio dos montes preparava-se para comemorar o Natal. O forno comunitário era o ponto de encontro das mulheres e onde se preparavam as mais diversas iguarias natalícias sempre acompanhadas de grandes nacos de conversa onde os temas variavam entre, a filosofia de trazer por casa e as notícias dos entes queridos. Por outro lado, os homens prosseguiam a sua azáfama na recolha de enormes troncos que depositavam no adro da igreja e se destinavam à grande fogueira de Natal. Aos miúdos era-lhes interdita a entrada nos ambientes dos adultos não lhes restando outra alternativa a não ser, ficarem entretidos a enrolar a neve em pequenas bolas que faziam rolar pela praça tornando-as gigantescas, comparadas com o seu petiz tamanho. Depois, encavalitando-se uns nos outros punham uma bola sobre a outra fazendo nascer assim os bonecos de neve que, enfeitavam com qualquer adereço que encontrassem ali, à mão de semear. A praça enchia-se, então, de enormes seres brancos que sorriam ao ver a alegria catraia que os rodeava. Mas o grande momento por que todos ansiavam estava para chegar, como acontecia todos os anos na véspera de Natal e já se sentia, no ar gélido de Dezembro, a expectativa que antecede os grandes acontecimentos que só as crianças realmente saboreiam.
A sra Etelvina era uma velhota pequenina e curvada pelo peso dos anos e pela fadiga de tantos caminhos percorridos na sua lida. Ninguém como ela conhecia aqueles montes e vales que separam, delicadamente, Portugal e Espanha. Delicadamente, é como quem diz, porque a fronteira era guardada, com unhas e dentes, por autênticos bulldogs que, se pudessem e os apanhassem, não deixavam de massacrar aqueles que se atreviam a fazer do pequeno contrabando o seu modo de vida. A Ti Vina, como os miúdos gostavam de lhe chamar, era uma destemida contrabandista de produtos de primeira necessidade e que vinha à aldeia para vender aquilo de que os aldeões careciam, a preços mais condizentes com os seus parcos rendimentos. Então perguntam-me vocês a causa de tanto alvoroço neste dia! Pois!…é que neste dia, todos os santos anos, a Ti Vina vinha à aldeia com mais tempo e depois de ter vendido tudo o que trazia literalmente às costas, dirigia-se para a praça, junto ao fontanário, onde as crianças já tinham ocupado o seu lugar à sua espera. Ela aparecia no meio delas, toda vestida de negro e com um xaile que lhe cobria grande parte do rosto encarquilhado e trigueiro que uns olhos de azeviche iluminavam. Olhava cada um deles atentamente e depois de se certificar que todos se tinham portado bem naquele ano, abria uma grande caixa de galhetas espanholas. Dezenas de pequenos braços estendiam-se até à caixa mas sem se atropelarem, pois sabiam que a Ti Vina arranjava sempre maneira de as galhetas chegarem para todos. Depois, seguia-se o momento mágico no meio de grandes e pequenas trincadelas nervosas nas bolachas…os contos…pois, os contos que a velha contrabandista lhes contava e que eram o melhor presente de Natal. Não eram contos de príncipes e princesas, eram histórias verdadeiras, contadas na primeira pessoa, autênticas aventuras que os faziam saltar os muros esdrúxulos que prendiam as suas almas. Ao anoitecer a Ti Vina fazia questão de se retirar de forma discreta e no meio da azáfama vespertina só os miúdos a viam desaparecer na última curva como ponto final que põe fim a um parágrafo.
A sra Etelvina nunca mais apareceu nas redondezas. Conta a lenda que naquela mesma noite um anjo, vestido de um branco tão alvo quanto a neve, a salvou de uma emboscada de salteadores e a levou para um reino longínquo, onde ocupa o digníssimo e alto cargo de “Contadora de histórias” para miúdos, graúdos e todos aqueles que gostam de ouvir contos.
Clique em cada link para ler os contos de todos os participantes nesta 5ª edição dos desafio de criação do Canto de Contos cujo mote é "Um conto de Natal"
Membros do Canto de Contos
Bill, Clarissa, Conteúdo Latente, Ipslon, Isa, Maite, Parrot, Pedro Pinto, PiresF, Raquel, Rui Semblano, Vanessa,
Convidados
Beatriz, Kaotica, Klatuu, Legível, Luís Teixeira, Rafaela, Ruy Soares, TB, Teresa Durães
sábado, dezembro 09, 2006
terça-feira, dezembro 05, 2006
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