sexta-feira, março 30, 2007

Little Sparrows

Se isto é um bando de pardais, quem é o intruso? ;)

Há sempre um que é do contra :(


Estão a ver bem, sim senhor...nós somos as notas desta pauta :)

domingo, março 25, 2007

Agora as palavras

Obedecem-me agora muito menos,
as palavras. A propósito
de nada resmungam, não fazem
caso do que lhes digo,
não respeitam a minha idade.
Provavelmente fartaram-se da rédea,
não me perdoam
a mão rigorosa, a indiferença
pelo fogo-de-artifício.
Eu gosto delas, nunca tive outra
paixão, e elas durante muitos anos
também gostaram de mim: dançavam
à minha roda quando as encontrava.
Com elas fazia o lume,
sustentava os meus dias, mas agora
estão ariscas, escapam-se por entre
as mãos, arreganham os dentes
se tento retê-las. Ou será que
já só procuro as mais encabritadas?

Eugénio de Andrade - In O Sal da Língua Precedido de Trinta Poemas

sábado, março 17, 2007

PEDRO, LEMBRANDO INÊS

Posted by PicasaA Fonte dos Amores - Quinta das Lágrimas - Fevereiro 2007

Em que pensar, agora, senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
Dizer “ Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos
apenas dentro de nós próprios?” Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor,
ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
ele que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar: com
a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti, como
gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.

Nuno Júdice
In-Pedro Lembrando Inês

sexta-feira, março 16, 2007

Posted by PicasaQuinta das Lágrimas, Fevereiro 2007
"A liberdade é uma planta que cresce depressa, quando ganha raízes." George Washington

sábado, março 10, 2007

Para além do muro

Olhas para além do muro; e
o que vês? O tempo para além do tempo,
a tarde que não chega, ou a noite que
vai chegar quando menos a esperas,
uma última ave no limite
do céu, pedindo-te que a não sigas.
Mas não cedas ao abraço da árvore,
ao apelo das raízes, à melancolia
de um desejo de horizonte. Encosta-te
a esse muro, sabendo que ele desenha
o espaço que te foi dado, e que as tuas
mãos descobrem no frio da pedra.
Não te resignes ao que existe. A ave
que desapareceu por trás da colina conhece
o caminho que os teus olhos procuram.

Nuno Júdice

terça-feira, março 06, 2007

História de uma Montanha que queria ser um vulcão

Posted by PicasaSerra da Arrábida, Março 2007

Em tempos idos, tão idos que a memória do Homem não alcança, uma Montanha elevou-se para além das suas congéneres e gritou a plenos pulmões: - Que um vulcão se desprenda das minhas entranhas e parta à conquista desse vasto mar que teima em desafiar-me diariamente.
Mas a Mãe Natureza não deu ouvidos a estes gemidos de adolescente que cresceu rápido de mais. Milénios e milénios, como é costume contar-se o tempo entre as montanhas, passaram e a pobre Montanha, desgostosa, por ali ficou cabisbaixa olhando o mar enquanto uma lágrima teimava em descer-lhe pelas encostas cada vez menos revestidas dos apêndices capilares – as árvores e outros seres vegetais.
Certo dia em que a Montanha já tinha desistido da sua inusitada pretensão, um senhor Relâmpago cansado de provocar desvarios por esse mundo, decidiu descansar por ali. Olhou à sua volta na tentativa de encontrar um lugar suficientemente abrigado de ventos e marés - com quem tinha travado sangrentas batalhas, onde pereceram milhares de seres de todas as espécies - e vislumbrou uma enorme montanha mesmo virada para o mar. Aproximou-se, entrou em negociações, mas a Montanha parecia relutante em abrigar tão indisciplinado e insurrecto sujeito travando-se das mais inefáveis razões. Ele defendia-se como podia tentando chegar a um acordo que fosse benéfico para ambos, pois estava convicto que era ali o lugar que procurava. Passadas umas décadas (pouco tempo, no tempo das montanhas), as negociações chegaram a bom porto e mediante uma cláusula em que o Relâmpago se comprometia a satisfazer-lhe o desejo, a Montanha deixava-o descansar nas suas encostas. Foi assim que a Montanha ganhou o seu vulcão ainda que em estado adormecido, mas é claro que os sonhos nunca se cumprem completamente. :)

domingo, março 04, 2007

Yupiiiii!!!! :)

Finalmente...consegui descobrir como se colocam os marcadores na barra lateral. Fácil, fácil, fácil...até mete nervos não ter descoberto antes. Esta mania de pensar que as coisas são mais complicadas do que aquilo que são...

Fados de Coimbra em À Capella

Posted by Picasa
Coimbra, Fevereiro 2007