E na manhã seguinte (hoje) esteve uma manhã esplendorosa, sem o frio que se tem sentido ultimamente. As notícias meteorológicas avisam da frente polar que está a atravessar o país. “O país está a tremer”. Por aqui, de manhã, o sol brilhava como numa manhã de primavera. Durante o passeio matinal a subir barrocos, sim porque aqui há muitos e subi-los é um óptimo exercício quer para o corpo quer para a mente, descobri umas pequenas lagoas mesmo em cima de um deles que estavam completamente geladas, com gelo de há dias. No fundo do horizonte a Serra da Estrela coberta de neve dava ao cenário uma placidez invulgar. Cheguei a pensar que algo estaria para acontecer diante de tanta quietude. De tarde o céu começou a ficar matizado com algumas nuvens altas que passavam vagarosamente como que espreguiçando-se. E eis que no final da tarde, no meio do silêncio em que nada bulia, os primeiros flocos de neve começaram a cair do céu já cinzento. Vinham desordenados e caiam hesitantes no solo. Um manto branco começou a formar-se ali mesmo em frente da vidraça da porta. Não conseguia desviar o olhar. Há décadas que não via nevar. Há décadas que não sentia o toque macio e gelado da neve nas mãos e o som estaladiço ao pisá-la. São dezanove horas deste dia 9 de Janeiro de 2009 e a neve continua a cair forte e em silêncio. Já comecei a fazer uma bola de neve, está pequenina ainda, mas amanhã vou com ela fazer um boneco de neve, com certeza. A Lua entrevê-se por entre o cinzento da noite e assiste como eu a este belo espectáculo. Na lareira estala a lenha ao ser consumida pelo fogo proporcionando o aconchego desta noite.
P.S. como há por aqui pouca rede, não me é possível fazer download das fotos