Ontem recomecei a ler o livro de V.S. Naipaul, A Bend in the River depois de o ter deixado a meio há anos. Recomecei ontem à noite, depois de ter lido uma crónica no blogda-se.blogspot. Mas como detesto recomeçar a ler do meio, voltei ao início.
É uma saga no interior de África e o livro começa com Salim a fazer a viagem desde a "east coast" para o interior, precisamente a inversa que os escravos negros fizeram durante séculos. O pormenor com que Naipaul descreve esta viagem é surpreendente. Tem a capacidade de nos fazer mergulhar no interior profundo de África e sem desejo de regresso, tal como Salim Each day's drive was like an achievement; each day's achievement made it harder for me to turn back. As personagens que mais o marcam são seres misteriosos como Zabeth, uma marchande que vive junto do seu povo no mato e que vem àquela cidade, praticamente destruida, para comprar produtos e vender ao seu povo. Salim é um muslim, mas as suas raizes perdem-se no tempo. Sabe apenas que a sua família tem laços remotos com os Hindus of the north-westen India. Aliás o tempo cronológico é algo estranho à sua família. Neither my father nor my grandfather could put dates to their stories. Not because they had forgotten or were confused; the past was simply the past. Penso que Salim, ao mudar-se para o centro de África, quer afastar-se deste paradigma familiar que o deprime.
O livro começa com esta frase extrordinária The world is what it is; men who are nothing, who allow themselves to become nothing, have no place in it.
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