quarta-feira, junho 27, 2007

Cara Amok_she, agradeço desde já a sua disponibilidade para me ceder um vestidinho, mesmo que pontualmente :) E para não dizer que não dou nada em troca, aqui ficam mais dois :) Não será por falta de alternativas que vamos faltar à cerimónia dos grelos :))


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P.S. nem imagina o trabalho que me deu encontrá-los :)

segunda-feira, junho 25, 2007

O Legível passou-me este desafio, chamado "A batata quente". Por isso, aqui deixo a lista de livros que me marcaram em várias épocas da minha vida de uma forma ou de outra e que contribuíram (um bocadinho) para a minha postura perante a vida:

- A Insustentável Leveza do Ser - Milan Kundera
- Fernão Capelo Gaivota - Richard Bach
- O Principezinho - Antoine Saint-Exupéry
- Os Maias - Eça de Queirós
- The Waste Land - T.S.Eliot
- Heart of Darkness - Joseph Conrad
- A Bend in the River - V.S. Naipaul (recentemente peguei nele para o ler porque há anos que o tinha deixado a meio)
- Equador - Miguel Sousa Tavares
- Lord of the Flies – William Golding
- A Metamorfose
- Franz Kafka
- O nome da Rosa - Umberto Eco
- Brideshead Revisited - Evelyn Waugh
- Cem Anos de Solidão - Gabriel García Márquez
- Um Crime no Expresso do Oriente - Agatha Christie
- The Great Gatsby - F. Scott Fitzgerald
- Muros - Júlio Machado Vaz

Livros que estou a ler de momento:
- The mission Song – John le Carré
- Contos Maravilhosos – Hermann Hesse
- Pedro, lembrando Inês – Nuno Júdice

Caro Legível, também eu faço anotações, sublinho os livros e dobro-lhes os cantos :)

E passo o desafio a todos os que constam dos meus links, excepto ao Legível por motivos óbvios :)

P.S. penso que faltou ali a tinta para o bold :)))

sexta-feira, junho 22, 2007

"Blog com Grelos" :))))

Imaginem o sarilho em que me meteu a Marta.F do Blog com Grelos


Prontus! Lá fui nomeada, tava a ver que ninguém o fazia! É que não gosto nada de ser nomeada como toda a gente sabe e esta foi a muito custo que aceitei, acreditem. Só para terem uma ideia:
 
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- Nomeei-te para "Blog com Grelos"
- Não!
- Sim :)
- Não aceito!
- Aceita.
- Não quero!
- Porquê?
- Porque não!
- Juro que só te nomeio esta vez :)
- Tá bem, prontus! mas é muito contra a minha vontade :)

E agora mais a sério, esta iniciativa da Marta F. remeteu-me, de imediato, para estas duas questões:
"As mulheres e a leitura" tão magnificamente abordada por Maria Teresa Horta num texto que eu considero poético e que podem ler 3 posts abaixo Elas dormem com o corpo da escrita
e as "Mulheres e a escrita" igualmente abordada por Virginia Woolf em A Room of One's Own do qual transcrevo uma passagem
The title women and fiction might mean, and you may have meant it to mean, women and what they are like, or it might mean women and the fiction that they write; or it might mean women and the fiction that is written about them, or it might mean that somehow all three are inextricably mixed together and you want me to consider them in that light. But when I began to consider the subject in this last way, which seemed the most interesting, I soon saw that it had one fatal drawback. I should never be able to come to a conclusion. …
All I could do was to offer you an opinion upon one minor point—a woman must have money and a room of her own if she is to write fiction


"O prémio "Blogue com Grelos", destina-se a distinguir a escrita no feminino, em toda a net lusófona. Não serão permitidas nomeações de blogues de escrita no masculino ou com participação masculina." palavras textuais da autora, Marta F.

E as minhas nomeações vão para:
Amok_A memória perdida
Voando por aí
Se perguntarem por mim, digam que voei
Linhas de pensamento
Pequenos Nadas

terça-feira, junho 19, 2007

Sábado comprei o livro de poemas "Pedro, lembrando Inês". Descobri que gosto de o ler entre tarefas, um poema de cada vez. Este abriu-me um enorme sorriso :)

No paraíso, na idade do ouro,
ouvindo os anjos tocarem alaúde
e flauta, as nuvens acorrem
como ovelhas
à sua beira. Então, os santos
pegam nas tesouras e começam
a tosquia das nuvens. Lá
em baixo, nos prados onde as almas
se juntam, começa a chover: e como
já não haverá guarda-chuvas,
na idade do ouro,
as almas constipam-se,
amaldiçoando
as ovelhas, as nuvens
e os santos. Só os anjos, continuando
a tocar, se riem, beatíficos, ouvindo
o bater da chuva
por entre o espirrar
das almas.


Nuno Júdice em Pedro, lembrando Inês

domingo, junho 17, 2007

Excerto do conto "Os Amantes"

Voltas a repetir os gestos que me fascinavam no bungalow do Fred. Voltas a retrair-te e a entregar-te da mesma maneira, a deixar-me na boca o mesmo travo de orquídea, de sândalo queimado e de bruma salina. Acabas agora de me puxar para ti, num ritmado movimento que ninguém te ensinou, que retomas sempre com igual cadência e de que nunca inteiramente te aperceberás. Estou já de novo a olhar-te nos olhos, a sorver lentamente a leve crispação da tua boca. Começa o mar a castigar-te os flancos e a resumir, em poucos minutos, uma sonâmbula evolução de muitos milénios, convertendo em pedra o que era peixe, desfazendo em areia o que foi pedra, incorporando cada vez mais pó no volume das suas águas…Passam entretanto pelo céu nocturno cavalgadas de nuvens magnéticas; entre as estrelas mais longínquas estabelecem-se pactos efémeros; e morrem aves nos pântanos da Lua, sob a luz que da Terra lhe enviamos. Não sei se principias a gemer, se é a lenha mais alto a crepitar…o teu último suspiro nem o consegues dominar: derrapou no pavor de ser um grito, suicida-se na curva do meu ombro.

David Mourão-Ferreira em Os Amantes e outros contos

E ao ler este conto veio-me logo à cabeça esta música de Serge Gainsbourg, este poema de Paul Verlaine declamado pelo nosso poeta Luís Eusébio, este poema de Fernando Pessoa no blog do Parrot e ainda este quadro de Gustav Klimt.

quinta-feira, junho 14, 2007

Elas dormem com o corpo da escrita

Elas esvoaçam dentro dos livros, libertam-se com as ideias,
descem pelo corrimão até à luz do seu riso; da poesia, dos romances,
da palavra que as convoca.
Entregam-se à tentação, dormem com o corpo da escrita,
preferem o que as provoca.
Sobem as escadas dos sótãos, abrem as arcas do linho,
tiram de lá os romances, lêem na cama e no chão,
debruçam-se sobre as histórias,
estendem-se no cadeirão,
entram no sonho, nas sagas e na paixão impossível;
aprendem com as filosofias,
lidam com a invenção como se fosse com a vida.
Correm no fio da aventura,
sabem da rosa dos ventos,
descobrem as rotas novas e os mapas dos segredos;
entram no jogo dos textos,
são leitoras, são literatas, são sedentas,
criativas, são cativas dos enredos, ávidas e reflexivas.
Trepam às estantes dos livros,
esgueiram-se por entre as frases,
devoram versos e rimas
valseiam com a saudade, da leitura dependentes,
astutas e ardilosas,
presas do vício dos livros e da escrita ardente.

Maria Teresa Horta

terça-feira, junho 12, 2007

Anúncio público

Anuncio publicamente que ontem não existiu, que a semana começa hoje fresquinha. Hoje é, portanto, o primeiro dia do resto desta semana que vai ser fantástica :)

Aquela nuvem

- É tão bom ser nuvem,
ter um corpo leve
e passar, passar.

- Leva-me contigo
Quero ver Granada
Quero ver o mar.

- Granada é longe,
o mar é distante
não podes voar.

- Para que serve
ser nuvem, se não
me podes levar?

- Serve para te ver
E passar, passar.

Eugénio de Andrade

quinta-feira, junho 07, 2007

A propósito de abstraccionismo e de...

‘a literatura assenta em combinações de palavras que não visam contar uma história mas criar certas sensações estéticas’

O Britânico Peter Greenaway (realizador de filmes que se tornaram notáveis pela presença de elementos de arte renascentista e barroca, uso de luz natural, compondo cada cena dos seus filmes, como se fossem pinturas) afirma que o cinema está “atrasado” relativamente às outras artes. Diz faltar-lhe o gosto pela experimentação e a vontade de se afastar das matrizes narrativas do romance do século XIX.
Ora, aí está um filme que contraria essa sua ideia: “Ocean’s 13”. Nele, Steven Soderbergh mostra a sua veia de grande experimentador quer pela liberdade face às convenções da indústria, quer pelo filme ser do género labiríntico onde dá menor ênfase às peripécias da quadrilha e maior ao simples jogo de formas, ritmos e musicalidades de um exercício tão ao gosto da pintura abstracta.

sábado, junho 02, 2007

Uma Pessoa - Tomás

Sentado no alpendre, Tomás bebericava, preguiçosamente, o seu chá de menta com um olhar vago sobre o oceano que se estendia à sua frente. O mar revolto e as ondas na rebentação, com água a desfazer-se em espuma, anunciavam mais uma tempestade. O anoitecer abraçava o pedaço de terra onde anos antes tinha comprado aquela casa a um velho pescador.
P- Hoje pediram-me para homenagear alguém, por isso vim visitar-te.
T- Pensei que a homenagem fosse pública (riu ironicamente)
P- Como estás? – Perguntou Pedro, pousando o casaco sobre uma cadeira e servindo-se de chá.
T- Tão bem como uma velha carcaça, abandonada nas espirais da vida.
(um silêncio… abateu-se sobre eles e permaneceram imóveis perante aquelas ondas sem formas estáticas e definidas, permitindo todo o tipo de liberdades e abstracções)
P- Sabes qual é a diferença entre um cruzamento e uma encruzilhada?
T- Não!...Tu sabes?
P- Eu não. Pensei que tu soubesses! Dizem que é assim que está o estado da arte.
T- Num cruzamento ou numa encruzilhada?!
P- Sei lá!
T- Veio-me agora à memória que há uma breve nuance entre esses dois conceitos. E o estado da arte actual é uma rotunda avalanche de abstraccionismo.
P- Como assim?!
T- Nada tem tema, tudo é uma amontoado de formas disformes desde a pintura, a música, a literatura passando pelo cinema e até … a fotografia.
P- Achas então que a nossa época é mais uma encruzilhada?
T- É tanto assim que há uma tendência insidiosa para a rejeição de todos os caminhos que já percorremos na arte desde a antiguidade clássica.
P- Queres com isso afirmar que há um retrocesso em termos civilizacionais? Não te parece que seja mais uma época de transição?
T- Diria que é mais uma época de decadência ou melhor…de retrocesso.
P- Será?!
T- Dou-te alguns exemplos: antes, a música tinha uma preocupação suprema que era a melodia que lhe dava harmonia, equilíbrio e fluidez, hoje é mais imediatista tornando-se um amontoado de sons estridentes. O próprio conceito de conto alterou-se, antes tinha um ‘enredo’, era por ele que o leitor se envolvia na história, hoje ‘assenta em combinações de palavras que não visam contar uma história mas criar certas sensações estéticas’. A própria pintura distancia-se da grande pintura clássica e aproxima-se da arte africana, mais próxima da arte nos seus primórdios.
P- De qualquer forma esta é a época em que vivemos e manda o bom senso que vivamos de acordo com ela.
Tomás não respondeu e um silêncio constrangedor apoderou-se daquela cena de ‘partida de xadrez’ onde as personagens se esbatem numa espécie de planície aberta e sem fronteiras onde o infinito ameaça o Homem, paralisando-o.

Clique em cada link para ler os contos de todos os participantes nesta 6ª edição dos desafio de criação do Canto de Contos cujo mote é "Uma Pessoa".
Membros do Canto de ContosBill, Clarissa, Conteúdo Latente, Ipslon, Isa, Maite, Parrot, Pedro Pinto, PiresF, Raquel, Rui Semblano, Vanessa, Beatriz, Kaotica, Klatuu, Legível, Luís Teixeira, Rafaela, Ruy Soares, TB, Teresa Durães

Desafio nº 6

Ora bolas! Esqueci-me de escrever o conto! Se não o postar às 21.30 é porque a inspiração não esteve comigo :(