O filme de Sofia Coppola baseado na biografia de Antonia Fraser (mulher do dramaturgo Harold Pinter - prémio Nobel da Literatura de 2005) resgata a figura desta rainha Francesa de origem Austríaca, num filme em que o presente e o passado se interpenetram, quer pela música (uma mistura de música do séc: XVIII pré-neo-romântica e música contemporânea pop, rock, punk), quer através da própria figura de Maria Antonieta que nos é apresentada como uma adolescente frágil, vulnerável e inadaptada ao ambiente para onde foi transportada [a corte do Palácio de Versalhes em vésperas da Revolução Francesa (1789)] e uma mulher aparentemente fútil, frívola, amante do prazer pelo prazer em que se transformou depois da desilusão em que se tornou o seu casamento com o delfim de França e o ambiente de intriga em que vivia.
Maria Antonieta, antes de ser odiada pelo povo (cuja vida miserável contrastava com a sua) foi odiada, mais veementemente, pela aristocracia que a acusava de dar uma imagem negativa da monarquia (no filme, Sofia Coppola parece fazer uma comparação de Maria Antonieta com Diana de Gales).
Quase no final, e já com o povo em fúria, em frente de Versalhes, Maria Antonieta aparece na varanda principal do Palácio e inclina-se (abrindo os braços sobre o parapeito de pedra da varanda) em frente a esse mesmo povo que a odeia e a decapita mais tarde. Nesse momento um silêncio respeitoso, surpreso e, atrever-me-ia a dizer, afável percorre a multidão, mas é apenas um momento breve que se torna num motor mais poderoso para os acontecimentos seguintes (a destruição do Palácio e com ele da monarquia). Um filme que vale a pena ver.