terça-feira, junho 10, 2008
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"Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito E a cor das flores é transparente de as velas de grandes navios Que largam do cais arrastando nas águas por sombra Os vultos ao sol daquelas árvores antigas..." Fernando Pessoa
6 comentários:
Cara Maite,
Trago-lhe algo que rabisquei em tempos, relacionado com o tema. Camões que me perdoe. :)
O Grão–Mestre
Já Sampaio aparelha, acolhedor,
Com rútila cruz de colar pendente,
Um novo aspirante a comendador,
P’los altos feitos do nobre valente.
Guterres ovaciona com fervor,
Quando alguém perto diz, quase silente,
Que ultrapassam mil e cem os senhores
Que Jorge elevou a comendadores.
Ao medalhar o Nobel camarada,
Cedeu a Saramago o Grão Colar
Da Ordem de Sant’Iago e Espada
Que só chefes de Estado deve honrar. (1)
Desobrigou-se bem de tal maçada
Afirmando que as leis são pr’ alterar.
E nesse dia, cansado e ofegante,
Faixou dezenas d’ Ordens do Infante.
Chovem cruzes, oficiais, cavaleiros
E Ordens de Cristo, Avis e Torre-e-Espada,
P’ra generais, políticos, banqueiros,
Dos quais pouco se ouviu falar, ou nada.
Agora, dos lusos são os primeiros,
E ostentam na peitaça engalanada
Brilhantes símbolos de heróicos feitos,
E são aclamados, saem satisfeitos.
Por serem mais as comendas que os feitos,
Negou João Soares distinção.
Tengarrinha abdicou de iguais preitos
E Jorge Silva a Jorge disse não,
Por ser já tão banal em seus efeitos
Tão elevada mercê da Nação.
Mas se crescem assim os negadores,
Como subsistir sem comendadores?
– É a vida! – diz Jorge – paciência!
Também Mário abusou de tais favores
E ninguém lhe negou benevolência.
Continuarei, assim, a dar louvores
Enquanto estiver na presidência,
E fá-lo-ei com todos os rigores,
Porquanto é meu dever pôr na história
Os lusos eleitos p’la fama e glória.
(1) – com efeito, surgiu nesse mesmo dia (03-12-98) o Dec-Lei nº 385/98:
"Nos termos da Lei Orgânica das Ordens Honoríficas Portuguesas (…) o grande-colar da Ordem Militar de Sant´Iago da Espada é exclusivamente destinado a agraciar chefes de Estado.
No entanto, a atribuição, pela primeira vez, da mais alta, prestigiada e universal das distinções a um escritor português, (…) justifica que, excepcionalmente, seja concedido a José Saramago (…) o grande-colar da Ordem Militar de Sant´Iago da Espada."
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Quanto ao comendador Baía… bem... o que me apraz dizer é que, ditosamente, Portugal tem muitas celebridades que se distinguem/distinguiram no Desporto, pelo que nos resta aguardar a “chuva” abençoada de futuros comendadores, que nos livrará do risco da grande seca que nos faria soçobrar à míngua de tão altas figuras da Nação.
Com um abraço.
Uma vergonha. Mereciam mais os apanha-bolas. ;)
Resto de dia feliz.
Caro Peregrino
Tem razão. Assim são os "nobres" da republica, ansiosos por ter e dar títulos.
Penso que há certas atitudes que são endógenas ao ser humano, sejam eles monárquicos ou republicanos. "Andamos" todos à procura que “nos” agraciem pelas "nossas" excelentes obras.
Obrigada pelo poema
P.S. só para recordar que Vítor Baía é o meu ídolo futebolístico (ou ex-futebolístico) (para além de outras qualidades que lhe reconheço) :)
Com um abraço
Caro Portocroft
Uma vergonha, de facto.
Os títulos são mais adequados para os apanha-bolas ;)
Resto de dia feliz
Cara Maite,
Estava a brincar, evidentemente. Ou, se calhar, foi a minha costela lampiã que falou mais alto. ;)
Na verdade, falamos de um dos maiores guarda-redes portugueses de todos os tempos e, muito poucos no campo desportivo mereceriam tal distinção.
Resto de dia feliz.
Caro Portocroft
Ah! bom!
É que se insistisse no contrário iria trazer-lhe todos os dados que existem para defender o meu guarda redes favorito :)
Resto de noite feliz
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