terça-feira, outubro 10, 2006

A Bend in the River / The waste Land

At one end of the cleared area were thatched huts; the place had become a fishing village again. The sinking sun shot through layers of grey clouds; the water turned from brown to gold to red to violet. And there was the steady noise of the rapids, innumerable little cascades of water over rock. The darkness came; and sometimes the rain came as well, and to the sound of the rapids was added the sound of rain on water.
Always, sailing up from the south, from beyond the bend in the river, were clumps of water hyacinths, dark floating islands on the dark river, bobbing over the rapids. It was as if rains and river were tearing away bush from the heart of the continent and floating it down to the ocean, incalculable miles away. But the water hyacinth was the fruit of the river alone. The tall lilac flower had appeared only a few years before, and in the local language there was no word for it. The people still called it 'the new thing' or 'the new thing in the river', and to them it was another enemy. Its rubbery vines and leaves formed thick tangles of vegetation that adhered to the river banks and clogged up waterways. It grew fast, faster than men could destroy it with the tools they had. The channels to the villages had to be constantely cleared. Night and day the water hyacinth floated up from the south, seeding itself as it travelled.


V.S.Naipaul in A bend in the River

April is the crullest month, breeding
Lilacs out of the dead land, mixing
Memory and desire, stirring
Dull roots with spring rain
Winter kept us warm, covering
Earth in forgetful snow, feeding
A little life with dried tubers
......................................
Or your shadow at evening rising to meet you;
I will show you fear in a handful of dust
......................................
'You gave me hyacinths first a year ago;
They called me the hyacinth girl.'
- Yet when we came back, late, from the Hyacinth garden,
Your arms full, and your hair wet, I could not
Speak, and my eyes failed, I was neither
Living nor dead, and I knew nothing,
Looking into the heart of light, the silence.
......................................


T.S. Eliot in The waste Land

21 comentários:

RS disse...

Or your shadow at evening rising to meet you;
I will show you fear in a handful of dust


Thomas Stearns Eliot is one of the million reasons I love north american culture... Unfortunately, the handful of reasons that make the US hateful today seem to overwhelm those million others...
But there's always tomorrow.
Or so I'm told.

Best,
RS

José Pires F. disse...

Querida amiga,

Creio que já te disse isto, mas A Bend in the River, é quanto a mim, a obra que melhor transmite a irracionalidade e insanidade que capeia na África, tornando-a, numa espécie de Chicago dos anos 30 à escala de um continente.

Um imperdível livro, que sem dúvida terá dado o Nobel a V.S. Naipaul.

Mas não te chegava, e, como remate, lanças T.S. Eliot, com um poema onde o mal num ritual catártico constitui o ponto central.

Excelente!

Grande abraço e obrigada pela tua inteligência.

Maite disse...

Caro Rui Semblano

Both these writers came from the American Continent and both became British citizens. There would have been a handful of reasons for them to make such a decision :)

This poem of T.S.Eliot is, undoubtedly, one of the masterpieces humanity has the prevelige to share. It shows what the human being is able to experience...from total despair to the almost unincredible faith.

"But there's always tomorrow." Indeed
Although we still go on living in a world of "broken images", as in the time T.S.Eliot wrote this poem, there's always hope a little step away from us. We must grab it, undoubtedly.

All the best for you too

Maite disse...

PiresF
Só agora compreendi o seu comentário sobre o meu post anterior acerca de A Bend in the River. Tinha percebido que a visão do autor/narrador é que era irracional e insana, daí o meu desacordo. Agora que está esclarecido o meu engano não poderia estar mais de acordo consigo.

Tinha pensado noutra comparação (com outro livro) mas essa era muito óbvia. :)
Mas talvez, com a continuação da leitura deste livro (que me está a dar o maior prazer), a faça.

Gostei da sua expressão "ritual catártico" e é isso que o poema é. A expressão poética de um ritual catártico.

Um abraço para si também

José Pires F. disse...

Só agora li a tua resposta ao meu comentário anterior, com pena, porque teria de imediato esclarecido o engano.
De facto, não me expliquei bem, no sentido em que “falava” para alguém que tinha começado a ler o livro e, o que disse, pode de facto, levar à interpretação errada do que quis dizer.
Inúmeras vezes, falta-me o engenho para transmitir de forma clara o que penso, mas congratulo-me, por estarmos agora esclarecidos.

Um abraço

Maite disse...

PiresF

Creia-me que o conteúdo desta sua frase "falta-me o engenho para transmitir de forma clara o que penso" é algo com que discordo em absoluto e a prová-lo estão (entre outras coisas)os seus posts no seu blog sempre de uma grande pertinência e clareza de espírito. Penso que mais me faltou a mim o engenho para interpretar o seu pensamento.

Boa noite para si :)

Vanda disse...

Fico-me pelo silencio de paz.

um beijo

Vanda

Maite disse...

Cara Vanda

E fica muito bem. :)

Por vezes o silêncio da paz é muito mais compensador que um enorme alarido. Mas só às vezes, claro :)

Uma boa tarde para si

Alberto Oliveira disse...

Cara Maite:

T.S. Eliot é um autor que venero -se o termo não é demasiado forte. E quando assim acontece, silencio.

Parabéns pela selecção que revela o gosto.

Tenha uma boa noite.

Alberto Oliveira disse...

... o bom gosto, queria eu dizer

Maite disse...

Caro Legível

Penso que o silêncio é uma das formas mais inefáveis de apreciar grandes obras.

Deixe-me transcrever-lhe uma passagem de Maria Amélia Neto numa introdução que faz a este poema de T.S.Eliot:
"Se Ulysses, a admirável obra de James Joyce, oferece em mais de setecentas páginas uma visão do homem e do mundo, em que o passado e o presente se interpenetram, The Waste Land, o mais famoso dos poemas modernos, consegue em apenas 433 versos transmitir uma idêntica visão. Só a grande Poesia permite uma tal síntese."

Tenha um excelente fim de semana :)

Já agora aproveito para desejar um óptimo fim de semana a todos os que me visitam

José Pires F. disse...

Mhhhhhhh… Palavras de amiga, é o que é.

Que o fim-de-semana seja excelente.

Abraço.

Parrot disse...

Sei quem é e o que representa para a poesia Inglesa, mas não conheço a sua obra...apenas alguns poemas...estão conhecia.

Bom fim de semana

mtc disse...

Cara Maite

Ainda chego a tempo de desejar um bom fim de semana ? ;)

Gostei muito da sua escolha. The Waste Land foi uma das obras que mais me marcou na altura em que andava a estudar literatura norte-americana. Foi interessante ter relido o poema passados tantos e tantos anos...
Sempre senti que não o tinha lido na idade certa. Tudo me parecia um mistério na altura, hoje em dia fico deslumbrada com o sentido que cada palavra assume.

Tenha uma boa noite :)

Maite disse...

PiresF

Palavras de amiga e não só...é a constatação de um facto também.

Foi um excelente fim de semana :)

Um abraço para si

Maite disse...

Parrot

Para a poesia de expressão Inglesa e para a poesia mundial.

Não me diga que não foi ver o Cats! (é uma óptima maneira de começar a conhecer T.S.Eliot)...também esteve aí no Porto :)

Um bom começo de semana para si

Maite disse...

Cara MT

Muitas das obras que lemos aos 20 ou aos 15 anos provocam-nos essa sensação (achamo-las demasiado herméticas e por isso difíceis e aborrecidas - penso que nos acontece a todos) :) Mas é um facto que ficam na nossa memória e acabamos por relê-las muitos anos mais tarde com outros olhos, porque no fim de contas também já lemos outros livros que nos ajudam a entendê-las. Por exemplo The Waste Land torna-se um caso paradigmático: É um poema, quase me atreveria a dizer, incompreensível...se não se conhecerem obras como a Bíblia, Tristão e Isolda, António e Cleópatra, Eneida, Metamorfoses, A Tempestade, Parsifal, as Confissões de Sto Agostinho, o Sermão do Fogo do Buda (para nomear apenas algumas e as mais antigas).

Tenha um óptimo começo de semana :)

mtc disse...

Cara Maite

Concordo absolutamente consigo. Já na altura lembro-me de ter pensado que um dia mais tarde teria [sem aquele sentido de obrigatoriedade] de reler as obras que mais me marcaram e intrigaram.
Uma boa semana também para si :)

Alberto Oliveira disse...

Cara Maite:

A ideia foi mesmo essa! Transportar o dramaturgo inglês da sua época para a nossa e para um país necessáriamente mais evoluido devido (sobretudo)à distância temporal... (risos irónicamente maldosos). Foi ao encontro do meu enredo que não é explícito, caso contrário perderia todo o suspense.

Tenha uma boa noite!

Maite disse...

Cara MT

Precisamente :)

Uma boa noite para si

Maite disse...

Caro Legível

"(risos irónicamente maldosos)."
Pois...até já estou a imaginar o seu rosto looool É engraçado imaginar o rosto de quem não conhecemos :))))

Depois...se Shakespeare voltasse penso que escolheria Portugal para viver nem que fosse só por causa do clima :)))) Pensa que não?! Olhe que perde :)

Tenha uma boa noite