segunda-feira, julho 28, 2008
Voltando aos treinos
Depois de 3 semanas sem treinar, lá voltei aos meus treinos de patins em linha. No início, foi como se tivesse desaprendido tudo o que tinha aprendido nos 5 ou 6 treinos anteriores (no parque). Mas mesmo sentindo medo de cair, continuei a patinar. Depois de duas voltas ao campo de basquetebol (é o único que tem um pavimento suficientemente liso), comecei a sentir mais confiança e decidi atravessar o campo na diagonal. Foi uma maneira de me libertar do apoio das mãos (o muro do campo). Treinei durante cerca de uma hora, tentando dar passos e deslizar, fazer as curvas sem me apoiar em nada, contrariar a direcção quando o piso me fazia deslizar para um determinado sentido. Sentia uma forte pressão sobre as pernas, principalmente a esquerda. Descobri, ao cair (caí três vezes e fiz um ligeiro golpe no joelho), que em hipótese alguma, devo ficar na vertical em cima dos patins mas inclinar-me ligeiramente para a frente. Essa é, aliás, a regra número um, porque a mais importante: inclinar-me sempre para a frente (ajuda no equilíbrio). Quando já estava bastante cansada descobri que se desse cada passo na diagonal deixando deslizar cada perna de cada vez conseguia atingir maior velocidade e, mais importante, exigia de mim menos esforço. Foi aí que um desafio que me impus a mim própria se tornou um prazer. Nesse momento senti algo como voar (salvaguardando as devidas distâncias) e lembrei-me de Fernão Capelo Gaivota. “…quando voava sobre a água a uma altitude menor que a metade do comprimento das suas asas abertas, podia manter-se no ar mais tempo e com menos esforço. Esses voos rasantes não terminavam com a habitual amaragem de pés hirtos que feriam a água. Ele amarava de mansinho, os pés apertados contra o corpo, deixando apenas um rasto borbulhante.”
quarta-feira, julho 23, 2008
Hoje foi dia de pinturas :)
no meu sobrinho mais novo.
Os lápis de maquilhagem têm de servir para alguma coisa :)
É verdade...só sei desenhar hipopótamos e gatos (muito mal) :)
terça-feira, julho 22, 2008
O Melro
1. melro (pelo perfil) :) 2. ninho de pintassilgo
Norte de Portugal - Julho 2008
O melro, ao ver aproximar o abade,
Despertou da atonia,
Lançando-se furioso contra a grade
Do cárcere. Torcia,
Para os partir os ferros da prisão,
Crispando as unhas convulsivamente
Com a fúria dum leão.
Batalha inútil, desespero ardente!
Quebrou as garras, depenou as asas
E alucinado, exangue,
Os olhos como brasas,
Herói febril, a gotejar em sangue,
Partiu num voo arrebatado e louco,
Trazendo, dentro em pouco,
Preso do bico, um ramo de veneno.
E belo e grande e trágico e sereno,
Disse:"Meus filhos, a existência é boa
Só quando é livre. A liberdade é a lei,
Prende-se a asa mas a alma voa…
Ó filhos, voemos pelo azul!… Comei!"
E mais sublime do que Cristo, quando
Morreu na Cruz, maior do que Catão,
Matou os quatro filhos, trespassando
Quatro vezes o próprio coração!
Soltou, fitando o abade, uma pungente
Gargalhada de lágrima, de dor,
E partiu pelo espaço heroicamente,
Indo cair, já morto, de repente
Num carcavão com silveiras em flor.
E o velho abade, lívido d'espanto,
Exclamou afinal:
"Tudo o que existe é imaculado e é santo!
Há em toda a miséria o mesmo pranto
E em todo o coração há um grito igual.
Deus semeou d'almas o universo todo.
Tudo que o vive ri e canta e chora …
Tudo foi feito com o mesmo lodo,
Purificado com a mesma aurora.
Ó mistério sagrado da existência,
Só hoje te adivinho,
Ao ver que a alma tem a mesma essência,
Pela dor, pelo amor, pela inocência,
Quer guarde um berço, quer proteja um ninho!
Só hoje sei que em toda a criatura,
Desde a mais bela até à mais impura,
Ou numa pomba ou numa fera brava,
Deus habita, Deus sonha, Deus murmura!…
Guerra Junqueiro in A Velhice do Padre Eterno
NOTA: Li algures que alguns melros, rouxinóis e outras aves envenenam os filhos quandos lhos metem em gaiolas, mas que nem todos o fazem (um facto interessante porque revela que nem todas as aves da mesma espécie têm o mesmo tipo de comportamento embora nós, humanos, nos tenhamos habituado a olhá-las como comunidades e não como individuos com carácter próprio)
sábado, julho 19, 2008
Apanhei o "artista" do estranho canto :)
...no galho mais alto :)
Português Suave - MRP
Um livro confessional? A história de uma família contada na perspectiva de cada um dos membros, dando ênfase às suas características pessoais assim como à visão que têm do resto das personagens e às suas experiências de vida algo "trágicas".
Cada capítulo é reservado a uma personagem que o desenha na primeira pessoa. A autora não é a narradora mas é também uma personagem, não é omnipresente nem omnisciente. Cada personagem age com total independência e gere o capítulo a seu bel-prazer. Há aqui uma espécie de traição Pintereana “(lembrei-me de Betrayal) em que as personagens se traem escondendo a verdade, ludibriando ou simplesmente ‘assobiando para o lado’, as personagens traem a autora ao escapar à sua esperada manipulação e a autora trai as personagens ao expô-las, sem pudor.
Cada capítulo é reservado a uma personagem que o desenha na primeira pessoa. A autora não é a narradora mas é também uma personagem, não é omnipresente nem omnisciente. Cada personagem age com total independência e gere o capítulo a seu bel-prazer. Há aqui uma espécie de traição Pintereana “(lembrei-me de Betrayal) em que as personagens se traem escondendo a verdade, ludibriando ou simplesmente ‘assobiando para o lado’, as personagens traem a autora ao escapar à sua esperada manipulação e a autora trai as personagens ao expô-las, sem pudor.
A autora revela-se apenas a escritora/editora de uma história. E nesta perspectiva, assume um papel relativamente vago ou, diria mesmo, sem expressão. (É a minha própria traição enquanto leitora) :)
É um livro light que se lê quase de uma assentada apesar das 251 páginas. Embora o enredo tenha lugar num ambiente citadino, penso que se lê bem no campo longe da azáfama da cidade.
É um livro light que se lê quase de uma assentada apesar das 251 páginas. Embora o enredo tenha lugar num ambiente citadino, penso que se lê bem no campo longe da azáfama da cidade.
sexta-feira, julho 18, 2008
Por estes dias tenho estado por aqui :)
Comecei a ler o livro da Margarida (o Memorial do Convento ficou a meio, fica para depois, é preciso dar descanso a Baltazar e Blimunda). Comecei ontem à tarde, sentada ali no meio do pátio à sombra de um amieiro que tem quase a minha idade. Ele cresceu muito, mais do que eu :) . Enquanto lia, um assobio seguido de um bater de bico que mais parecia um ranger de dentes fez-se ouvir. Ao princípio não liguei, já que a minha atenção estava virada para a leitura. Era um som que parecia vir de longe e se misturava com outros sons de outras aves neste fim de tarde. Levantei os olhos do livro e por momento fiquei a ouvi-los. Distingui vários, mas só consegui associar alguns aos respectivos autores. Isto de ouvir a natureza e compreendê-la é um acto muito complicado. De entre todos os sons, fixei o meu ouvido naquele som estranho tentando segui-lo com o olhar por entre os carvalhos. Em vão. Ouvia o seu canto e sentia que ele voava de árvore em árvore, umas vezes aproximando-se, outras afastando-se. Mas vê-lo, foi algo que não consegui. Entretanto, pensava como seria o pássaro, pequeno?! grande?! de que cor seria?! Fui aos confins da memória e lembrei-me das várias aves que povoavam o céu nessa altura mas nenhuma parecia ter aquele canto. Depois, desapareceu ou ficou em silêncio. Amanhã, à mesma hora, debaixo do mesmo amieiro vou estar atenta para descobrir o autor de tão estranho canto :)
segunda-feira, julho 14, 2008
As Amoras
O meu país sabe a amoras bravas
no verão.
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Eugénio de Andrade in O outro nome da Terra
sexta-feira, julho 11, 2008
Palácio Nacional de Mafra
05/07/08
Símbolo do reinado de D. João V, com uma arquitectura simultaneamente barroca e neoclássica, é considerado um dos mais notáveis edifícios históricos do século XVIII. Este edifício de dimensões invulgares (37.790 m2), que resistiu ao terramoto de 1755, é também um dos monumentos históricos de maior envergadura da Europa só comparado a outros monumentos notáveis da mesma época como: o Palácio de Versailles, o Palácio de Schönbrunn, o Palácio Real de Madrid, a Catedral de Santiago de Compostela, o Palácio Real e Cascatas de Caserta, o Museu do Ermitage e o Circus de Bath.
O lançamento da primeira pedra ocorreu a 17 de Novembro de 1717 e o arquitecto responsável pela obra foi João Frederico Ludwig que se apoiou nas ideias de grandes arquitectos italianos como António Canevari, Carlos Fontana ou Tomazzo Mattey.
No terceiro piso e nos dois soberbos torreões que limitam a fachada principal situam-se os aposentos dos reis, sendo o torreão norte os aposentos do rei (D. João VI) e o torreão sul os da rainha (D. Carlota Joaquina). Entre os dois torreões situam-se 9 salas com portas de ligação entre elas que formam uma enorme galeria de 232m e que servia de passeio público interior tão ao gosto das damas do século XVIII (penso que tinham horror a ficar bronzeadas) :) O Palácio Real era constituído por apenas 666 divisões das 1180 deste enorme edifício.
As alas laterais pertenciam à ordem religiosa dos franciscanos no reinado de D. João VI, sendo a ala norte constituida por uma enfermaria para doentes terminais, farmácia, cozinha e celas dos frades enfermeiros. A ala sul guarda, entre outras coisas, uma esplendorosa biblioteca de 85m de cumprimento por 9,5m de largura cujo valioso recheio é composto por cerca de 40.000 volumes, predominando obras impressas nos séculos XVI, XVII e XVIII, nacionais e estrangeiras. É considerada a mais típica Livraria monástico-real do século XVIII existente em Portugal.
terça-feira, julho 08, 2008
Ler Jorge Luís Borges em Mafra (na pequena biblioteca)
Biblioteca e Casa da Cultura de Mafra
e obviamente o Convento ao fundo
05/07/08
Buenos Aires es la otra calle, la que no pisé nunca, es
el centro secreto de las manzanas, los patios últimos,
es lo que las fachadas ocultam, es mi enemigo, si
lo tengo, es la persona a quien le desagradam mis
versos (a mí me desagradan también) es la modesta
libreria en que acaso entramos y que hemos olvidado,
es esa racha de milonga silbada que no reconocemos
y que nos toca, es lo que se ha perdido y lo que
será, es lo ulterior, lo ajeno, lo lateral, el barrio
que no es tuyo ni mío, lo que ignoramos e queremos.
Jorge Luís Borges in Elogio de la sombra
Buenos Aires, 24 de Junio de 1969
Buenos Aires es la otra calle, la que no pisé nunca, es
el centro secreto de las manzanas, los patios últimos,
es lo que las fachadas ocultam, es mi enemigo, si
lo tengo, es la persona a quien le desagradam mis
versos (a mí me desagradan también) es la modesta
libreria en que acaso entramos y que hemos olvidado,
es esa racha de milonga silbada que no reconocemos
y que nos toca, es lo que se ha perdido y lo que
será, es lo ulterior, lo ajeno, lo lateral, el barrio
que no es tuyo ni mío, lo que ignoramos e queremos.
Jorge Luís Borges in Elogio de la sombra
Buenos Aires, 24 de Junio de 1969
segunda-feira, julho 07, 2008
Tapada de Mafra
sábado, julho 05, 2008
sexta-feira, julho 04, 2008
quinta-feira, julho 03, 2008
Uffff...hoje trabalhei imenso no blog :)
Tá um cadinho mais actualizado.
Tenho de descobrir como se põe música no blog de outra forma! Onde já se viu só se ouvir 1/1000 da música?!!!!!
Tenho de descobrir como se põe música no blog de outra forma! Onde já se viu só se ouvir 1/1000 da música?!!!!!
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