Depois de 3 semanas sem treinar, lá voltei aos meus treinos de patins em linha. No início, foi como se tivesse desaprendido tudo o que tinha aprendido nos 5 ou 6 treinos anteriores (no parque). Mas mesmo sentindo medo de cair, continuei a patinar. Depois de duas voltas ao campo de basquetebol (é o único que tem um pavimento suficientemente liso), comecei a sentir mais confiança e decidi atravessar o campo na diagonal. Foi uma maneira de me libertar do apoio das mãos (o muro do campo). Treinei durante cerca de uma hora, tentando dar passos e deslizar, fazer as curvas sem me apoiar em nada, contrariar a direcção quando o piso me fazia deslizar para um determinado sentido. Sentia uma forte pressão sobre as pernas, principalmente a esquerda. Descobri, ao cair (caí três vezes e fiz um ligeiro golpe no joelho), que em hipótese alguma, devo ficar na vertical em cima dos patins mas inclinar-me ligeiramente para a frente. Essa é, aliás, a regra número um, porque a mais importante: inclinar-me sempre para a frente (ajuda no equilíbrio). Quando já estava bastante cansada descobri que se desse cada passo na diagonal deixando deslizar cada perna de cada vez conseguia atingir maior velocidade e, mais importante, exigia de mim menos esforço. Foi aí que um desafio que me impus a mim própria se tornou um prazer. Nesse momento senti algo como voar (salvaguardando as devidas distâncias) e lembrei-me de Fernão Capelo Gaivota. “…quando voava sobre a água a uma altitude menor que a metade do comprimento das suas asas abertas, podia manter-se no ar mais tempo e com menos esforço. Esses voos rasantes não terminavam com a habitual amaragem de pés hirtos que feriam a água. Ele amarava de mansinho, os pés apertados contra o corpo, deixando apenas um rasto borbulhante.”
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