segunda-feira, janeiro 30, 2006

Oxigénio

Oxigénio é o verdadeiro nome da peça de teatro encenada por Júlio Cardoso e levada à cena pelo grupo Seiva Trupe no auditório do Teatro do Campo Alegre no Porto.
Oh que xi génio! É o título de um artigo sobre Lavoisier escrito por alunos de uma escola do Porto e que está afixado à entrada do auditório.
Para começar o ambiente no auditório é mesmo de laboratório. O público senta-se em cadeiras muito desconfortáveis e veste batas azuis(não chegaram para todos) antes de entrar. Há duas bancadas, uma na frente da outra e o palco é no próprio chão do auditório, no meio das duas bancadas. O único adereço vísivel, logo no início, é uma pequena “piscina” de água quente que serve de sauna para as mulheres dos cientistas que estão em Estocolmo, a convite de Gustavo III, para esclarecer a questão “quem foi o primeiro cientista a descobrir o oxigénio”: Lavoisier, Scheele ou Priestley. Nas paredes laterais e, entre cenas da peça, são mostrados videos de moléculas em movimento, organizando-se e desorganizando-se e alguns também de luz fractal (eu chamei-lhe assim).
A peça move-se entre dois tempos, o século XVIII e o século XXI. Enquanto no séc:18 os três cientistas debatem a questão “quem foi o primeiro a descobrir o oxigénio”, no séc: 21 o Comité Nobel debate a atribuição do prémio retro-nobel a um destes três cientistas pela mesma descoberta.
O tema aglutinador da peça pode resumir-se nesta frase de Madame Lavoisier “O objectivo da ciência é o conhecimento mas, o objectivo dos cientistas é a reputação”. A peça é feita de simetrias e bipolaridades (o oxigénio é uma estrutura com essa caracteristica): o mundo antes e depois da revolução química; a fachada e os bastidores da ciência e os universos paralelos dos homens e das mulheres.
O actor que mais apreciei foi Fernando Landeira que desempenha o papel de Lavoisier e de um cientista do comité ( são 6 actores que desempenham o papel de treze personagens). A forma tão expressiva e cativante como interpreta a personagem quase que “obriga” o público a ser parcial e a escolher Lavoisier como o legítimo “pai” do oxigénio. Saliento, porém, que todo o elenco é magnífico.

4 comentários:

Parrot disse...

Maite,

Aqui está uma sugestão que se calhar vou aproveitar.
Não encontrei foi o horário dos espectáculos.

Beijinho

PS – É mesmo necessário entrar com a bata?
Detesto batas!

Maite disse...

Parrot
Tenho a certeza que vai gostar :)
Sábados às 21.45, sei que é. Foi no sábado que fui.
Quanto à bata, acho que não há para todos :)))))))))) (eu consegui infiltrar-me sem bata ;)

Boa noite

Ana disse...

Adorei a peça. E na realidade penso da mesma forma. Fernando Landeira é um excelente actor e a forma como consegue agarrar o público e excepcional. Mas todo o elenco é de qualidade. Inclusive, António Reis, o mais maduro de todos eles é um actor de renome. É uma boa sugestão de um sábado bem passado. Adorei.

Unknown disse...

Há muito tempo que não me sabia tão bem receber um mimo! Estou com um sorriso capaz de engolir a terra toda. obrigado e sejam felizes. portas fechadas não abrem caminhos. Um beijo do tamanho dos sonhos!