Perante o encerramento de tantas empresas, a subida das taxas de desemprego, a precariedade no emprego e a grande desigualdade nos níveis de vida dos cidadãos, acho obsceno que os trabalhadores não exerçam o seu direito à greve (será por medo? Será por lhe descontarem um dia de salário? Será porquê?)
Compreensível, até certo ponto, é a atitude daqueles que não fizeram greve por terem empregos precários, uma vez que podiam ser ameaçados de despedimento. O que não é compreensível e até é obsceno é a atitude daqueles, que tendo um emprego estável, não fizeram greve porque, afinal não estão mal e os outros que se desenrasquem. E mais obsceno ainda é andarem nos blogs a colocar cartazes que não querem dizer nada a não ser que só sabem dizer mal de tudo e não olham senão para o seu umbigo. Pergunto quantas dessas pessoas fizeram greve na realidade? Nem que fosse por solidariedade com aqueles que estão nas situações acima referidas?! Mesmo que haja uma enorme descrença na eficiência dos sindicatos actuais, esta greve era uma boa oportunidade para demonstrar que, os trabalhadores estão descontentes e que o governo terá que se esforçar mais para melhorar o nível de vida dos cidadãos. Mas, é muito mais fácil falar mal e não fazer nada…
Eu fiz greve, não por estar mal ou discordar das medidas que estão a ser implementadas pelo governo (mas penso que deve esforçar-se mais, muito mais) ou por ter um emprego precário mas, por solidariedade com aqueles que não têm emprego ou que é precário.
quinta-feira, maio 31, 2007
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2 comentários:
É a cultura do medo, do individualismo. E é, ainda, a magreza dos salários que fazem com que, um dia de greve, signifique perder parte do salário que, sendo já tão pequeno, não se consegue viver com menos ainda...
Caro CN
A cultura do medo é que é um perigo para a democracia. Uma democracia plena não pode estar sujeita a esse condicionalismo sob pena de morrer. Ninguém, alguma vez, conquistou alguma coisa sem enfrentar o próprio medo. Mas pior que esse medo, é o individualismo global galopante que nos faz meter na própria concha e pensar que apenas basta colocar os dedos na ferida com palavras, sem dar o corpo ao manifesto. Actualmente já não basta denunciar (embora seja importantíssimo) as misérias (porque elas continuam lá inalteravelmente chocantes) mas passar aos actos. Como diz, muito bem, Fernando Nobre (fundador da AMI) referindo-se a acções humanitárias “Se quisermos amanhã continuar a viver em sociedades desenvolvidas e democráticas, temos necessariamente de ser cidadãos participativos: com a sua força do trabalho, o seu voluntariado, ou com a participação financeira em acções que lhe pareçam credíveis, exequíveis e transparentes. Mas uma coisa é certa, não podemos, …, permitir e incentivar uma desmobilização cidadã.”
E embora seja sindicalizada num sindicato afecto à UGT, acho lamentável que João Proença se digne desvalorizar a greve de ontem.
Uma boa noite para si
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